terça-feira, 24 de setembro de 2013

Art. Setembro para Mãe Ideal - Caro ou Barato , o que significa?


Caro ou Barato , o que significa?

É caro, é barato são frases que usamos diariamente para classificar aquilo que compramos ou que desejamos comprar. Também servem muitas vezes de desculpa para não fazermos as vontades aos mais pequenotes justificando o porque não comprar algo.

Por definição dizemos que algo é caro quando é de preço elevado, excede o valor real ou implica despesas e sacrifícios.

Por outro lado definimos como barato algo que custa pouco dinheiro, que se vende por preço baixo, algo sem originalidade, banal, vulgar.

A verdade é que estes conceitos não são propriamente simples nem consensuais.

Aquilo que eu considero caro outra pessoa pode considerar barato, tudo depende da utilidade ou do significado que aquele bem tem para cada um de nós, assim sendo, não podemos desassociar o caro e o barato de um outro conceito, o valor.

E desde cedo os mais pequenos começam a viver com estes conceitos, muitas vezes sem perceber porque consideramos caro comprar uma garrafa de água no café que custa 0,80€ e não consideramos caro, ou pelo menos não utilizamos como desculpa, o  pagarmos 500€ pela nossa casa...Afinal de contas 500€ é bastante mais que os 0,80€, verdade?

É preciso desde cedo explicarmos que o dinheiro gosta de ser respeitado, bem tratado e que sempre que vamos comprar alguma coisa devo pensar que coisas boas é que aquela compra me vai trazer, ou se haveria outra coisa em que eu preferiria usar aquele dinheiro...

Muitas vezes caímos na tentação de ceder aos caprichos dos mais novos nas coisas mais baratas, 0,50€ hoje, 1€ amanhã e quando se estragam passado umas horas dizemos: ”Oh também foi só 1 €”.

Com este discurso estamos a ensiná-los a desvalorizarem as quantias pequenas, quando o que deveríamos era ensinar que as quantias pequenas se forem amealhadas durante algum tempo vão-nos permitir atingir um objetivo maior (um jogo que eles tantos queriam, uma ida a um parque de diversões, etc).

Por outro lado só se a criança tiver uma base de comparação é que vai conseguir perceber o caro ou o barato, ou seja, no dia a dia podemos e devemos aproveitar as diversas situações que vão surgindo como uma ida à papelaria, ao supermercado ou ao café para deixar que eles tomem algumas decisões e que aprendam a comparar preços. Desta forma eles vão perceber que podem tirar o mesmo tipo de proveito de um artigo que pode custar 2€ ou 1€, e que o dinheiro que “pouparam” na sua compra inteligente pode ser utilizado para outro objetivo.

É ainda importante explicar que há bens que são mais duradouros (não são de consumo imediato como um pacote de bolachas ou um pacote de gomas) e que por isso faz sentido pagar mais por eles de modo a garantir um nivel de qualidade adequado. Por exemplo se vou comprar uns sapatos, faz sentido pagar um pouco mais de modo a garantir que são confortáveis, que são de bom material e que por isso vão durar mais tempo.
Assim sendo aqui ficam algumas dicas para ajudar o seu filho a melhor perceber estes conceitos:

 

1.    Lembre-se que ninguém nasce ensinado, ou seja, somos nós educadores que lhes vamos ensinar o valor do dinheiro.

Como? Através do nosso exemplo.

E para isso vamos ter que aprender a ser coerentes. Se acabou de dizer ao seu filho que não pode comprar um brinquedo porque é caro e não tem dinheiro, não pode em seguida passar numa loja e comprar uns brincos para si pois isso vai gerar confusão na cabeça dele, pois trata-se de algo que também não é essencial. Se em vez dos brincos estivermos a falar de passar na mercearia e comprar fruta, devemos aproveitar para explicar que a fruta é necessária para crescermos saudáveis e que por isso é uma prioridade.


2.    Deixe que o seu filho use o dinheiro

Só se a criança tiver um valor limitado de dinheiro é que ela vai ter a necessidade de comparar preços e de perceber que há coisas que ele vai conseguir comprar com aquela moeda mas que há outras que terá que juntar várias moedas para conseguir comprar. Por outro lado vai ter que decidir se vale mesmo a pena gastar aquela moeda num gelado ou se prefere guardar e juntar para comprar aquele brinquedo que ele tanto quer. O que é mais valioso para ele?

Nesta fase deve resistir à tentação de tomar decisões por ele, os erros vão acontecer mas serão erros controlados e só assim eles vão sentir que se calhar da próxima vez vão querer pensar melhor.
 

3.    A compra é um processo de troca

Para mais facilmente o seu filho perceber como funciona a “economia doméstica” explique que as trocas fazem parte da nossa vida. Os pais trabalham e em troca recebem o ordenado, que depois vão trocar pela casa, pela alimentação, pela roupa, pela escola...

Quando vamos à papelaria comprar uma carteirinha de cromos estamos a trocar o nosso dinheiro por aquele bem, e depois muitas vezes até trocamos esses cromos com os nossos amigos, mas só aceitamos trocar os nossos cromos com os nossos amigos se eles tiverem os cromos que eu quero... O mesmo acontece nas compras.


E não se esqueça que como tudo o que envolve a educação de um filho, também o educar financeiramente requer persistência, repetição e um acompanhamento muito próximo, deixando no entanto que vão tomando as suas decisões (autonomia) sempre acompanhados, dando-lhes as bases para que as suas decisões vão sendo cada vez mais conscientes.

Sem comentários:

Enviar um comentário