Caro ou Barato
, o que significa?
É caro, é
barato são frases que usamos diariamente para classificar aquilo que compramos
ou que desejamos comprar. Também servem muitas vezes de desculpa para não
fazermos as vontades aos mais pequenotes justificando o porque não comprar
algo.
Por definição
dizemos que algo é caro quando é de preço elevado, excede o valor real ou
implica despesas e sacrifícios.
Por outro lado
definimos como barato algo que custa pouco dinheiro, que se vende por preço
baixo, algo sem originalidade, banal, vulgar.
A verdade é
que estes conceitos não são propriamente simples nem consensuais.
Aquilo que eu
considero caro outra pessoa pode considerar barato, tudo depende da utilidade
ou do significado que aquele bem tem para cada um de nós, assim sendo, não
podemos desassociar o caro e o barato de um outro conceito, o valor.
E desde cedo
os mais pequenos começam a viver com estes conceitos, muitas vezes sem perceber
porque consideramos caro comprar uma garrafa de água no café que custa 0,80€ e não
consideramos caro, ou pelo menos não utilizamos como desculpa, o pagarmos 500€ pela nossa casa...Afinal de
contas 500€ é bastante mais que os 0,80€, verdade?
É preciso
desde cedo explicarmos que o dinheiro gosta de ser respeitado, bem tratado e
que sempre que vamos comprar alguma coisa devo pensar que coisas boas é que
aquela compra me vai trazer, ou se haveria outra coisa em que eu preferiria
usar aquele dinheiro...
Muitas vezes
caímos na tentação de ceder aos caprichos dos mais novos nas coisas mais baratas,
0,50€ hoje, 1€ amanhã e quando se estragam passado umas horas dizemos: ”Oh
também foi só 1 €”.
Com este
discurso estamos a ensiná-los a desvalorizarem as quantias pequenas, quando o
que deveríamos era ensinar que as quantias pequenas se forem amealhadas durante
algum tempo vão-nos permitir atingir um objetivo maior (um jogo que eles tantos
queriam, uma ida a um parque de diversões, etc).
Por outro lado
só se a criança tiver uma base de comparação é que vai conseguir perceber o
caro ou o barato, ou seja, no dia a dia podemos e devemos aproveitar as
diversas situações que vão surgindo como uma ida à papelaria, ao supermercado
ou ao café para deixar que eles tomem algumas decisões e que aprendam a
comparar preços. Desta forma eles vão perceber que podem tirar o mesmo tipo de
proveito de um artigo que pode custar 2€ ou 1€, e que o dinheiro que “pouparam”
na sua compra inteligente pode ser utilizado para outro objetivo.
É ainda
importante explicar que há bens que são mais duradouros (não são de consumo imediato
como um pacote de bolachas ou um pacote de gomas) e que por isso faz sentido
pagar mais por eles de modo a garantir um nivel de qualidade adequado. Por
exemplo se vou comprar uns sapatos, faz sentido pagar um pouco mais de modo a
garantir que são confortáveis, que são de bom material e que por isso vão durar
mais tempo.
Assim sendo aqui ficam algumas dicas para
ajudar o seu filho a melhor perceber estes conceitos:
1.
Lembre-se que ninguém nasce ensinado, ou
seja, somos nós educadores que lhes vamos ensinar o valor do dinheiro.
Como? Através do nosso exemplo.
E para isso vamos ter que aprender a ser coerentes. Se acabou de dizer ao seu filho que não pode
comprar um brinquedo porque é caro e não tem dinheiro, não pode em seguida
passar numa loja e comprar uns brincos para si pois isso vai gerar confusão na
cabeça dele, pois trata-se de algo que também não é essencial. Se em vez dos
brincos estivermos a falar de passar na mercearia e comprar fruta, devemos
aproveitar para explicar que a fruta é necessária para crescermos saudáveis e
que por isso é uma prioridade.
2.
Deixe que o seu filho use o dinheiro
Só se a criança tiver um valor limitado de dinheiro é
que ela vai ter a necessidade de comparar preços e de perceber que há coisas
que ele vai conseguir comprar com aquela moeda mas que há outras que terá que
juntar várias moedas para conseguir comprar. Por outro lado vai ter que decidir
se vale mesmo a pena gastar aquela moeda num gelado ou se prefere guardar e
juntar para comprar aquele brinquedo que ele tanto quer. O que é mais valioso
para ele?
Nesta fase deve resistir à tentação de tomar decisões
por ele, os erros vão acontecer mas serão erros controlados e só assim eles vão
sentir que se calhar da próxima vez vão querer pensar melhor.
3. A compra é um processo de troca
Para mais facilmente o
seu filho perceber como funciona a “economia doméstica” explique que as trocas
fazem parte da nossa vida. Os pais trabalham e em troca recebem o ordenado, que
depois vão trocar pela casa, pela alimentação, pela roupa, pela escola...
Quando vamos à papelaria
comprar uma carteirinha de cromos estamos a trocar o nosso dinheiro por aquele
bem, e depois muitas vezes até trocamos esses cromos com os nossos amigos, mas
só aceitamos trocar os nossos cromos com os nossos amigos se eles tiverem os
cromos que eu quero... O mesmo acontece nas compras.
E não se esqueça que como tudo o que envolve a
educação de um filho, também o educar financeiramente requer persistência,
repetição e um acompanhamento muito próximo, deixando no entanto que vão
tomando as suas decisões (autonomia) sempre acompanhados, dando-lhes as bases
para que as suas decisões vão sendo cada vez mais conscientes.