Educar para a
autonomia
Chega um dia
em que fazemos o teste de gravidez e....... dá positivo. Vamos ser pais!
Não sei
descrever com exactidão o que sentimos, felicidade, receio, ansiedade, orgulho,
sei lá, posso dizer com exactidão que é uma onda de emoções umas melhores,
outras piores.
O dia chega e
o nosso filho nasce, parte de nós, parte do casal vê a luz do mundo.
A primeira
grande decisão é sem duvida o nome, se por um lado o gosto e preferências dos
pais, padrinhos, avós contam e muito, não nos podemos esquecer que aquele nome
vai ser a identidade do nosso filho, aquele ser humano não vai ser o filho ou o
neto da A ou B mas vais ser o Paulo ou o Hipólito, a escolha deverá ser já a
pensar no ser humano, no cidadão que ele irá ser, ou seja, devermos escolher o
que em boa fé consideramos ser o melhor para ele.
Dia após dia
a nossa vida como pais, educadores vai passando onde a miude fazemos este tipo
de decisões por eles mas principalmente para eles.
A idade em
que irá para a escola, para que escola, qual o desporto que vai praticar, com
que idade deverá aprender a nadar, deve ou não aprender música, etc,etc,etc.
Educar não é
trilhar caminhos pelos nossos filhos mas sim desenhar limites para que eles vão
criando o seu próprio caminho.
Assim sendo a
autonomia é um tema que na educação é sem duvida de grande importância, senão
vejamos, quem tem ou teve uma criança entre os 10 e os 14 meses sabe que há um
dia que ele levanta-se agarrado a um armário ou a uma mesinha e com ar
determinado decide dar um passinho, nesse minuto revemos todas as mobílias
pontiagudas que estão na àrea, esticamos os braços prontos para o amparar na
queda e ainda conseguimos desejar com todas as nossas forças que nada de mal
aconteça e que se ele cair... Que não bata com a cabeça. Mas a verdade é que
temos de o deixar dar esse passo, temos de estar ali para o acompanhar mas não
podemos impedi-lo de aprender a andar pois vai ser essencial para a vida dele.
Nesta fase,
estarão a perguntar , o que é que isso tem a ver com a educação financeira?
Muitos pais
acham que falar destes temas de dinheiro é estar a tornar os seus filhos
materialistas, mas a minha pergunta vai noutro sentido:
O seu filho
quando crescer vai ter de usar o dinheiro?
Se a sua
resposta é sim então como em tudo comece cedo, pouco a pouco e com linguagem de
acordo com a idade do seu filho.
Uma das
maiores dificuldades que sentimos quando temos de gerir o nosso orçamento é
sentirmos que o dinheiro não chega para tudo, ou seja que temos de fazer
opções.
Uma criança
de 3 anos percebe bem o que é ter de escolher, aproveite quando ele pede duas
coisas explique-lhe que temos de fazer opções, não podemos ter tudo, e aqui não
é uma questão de ser caro ou barato, de podermos ou não comprar, tem única e
exclusivamente a ver com educação. É importante as crianças aprenderem a lidar
com a escolha, com o terem de decidir e ao mesmo tempo terem de abdicar de
alguma coisa, associado a este episódio estamos a educar a frustração, a
rejeição, e outros sentimentos que não "adoramos" mas que é essencial
aprendermos a lidar com eles.
Quando
falamos de crianças com mais de 6 anos os pais têm na semanada ou mesada (para
crianças com mais de 10 anos) um excelente instrumento para trabalhar a
autonomia financeira dos vossos filhos. No fundo este valor vai ser o ordenado
deles, devem associar a eles algumas obrigações que devem ser cumpridas para
eles receberem o valor combinado e principalmente estejam presentes na vida dos
vossos filhos e acompanhem-nos.
Eles vão
tomar decisões erradas que nós adultos estamos mesmo a ver que vai dar asneira,
mas o que é que pode acontecer de pior? As necessidades deles ainda são
asseguradas por vocês, pais, por isso vão ficar chateados, tristes e até
zangados mas para a próxima vez irão usar esta experiência para decidirem
melhor e com mais responsabilidade.
Uma grande
parte dos jovens adultos da nossa sociedade não foram educados financeiramente
até à idade da faculdade ou de começarem a trabalhar, ou seja, até esse dia o
dinheiro vai aparecendo quando é preciso, eles aprendem que se souberem pedir
hoje têm isto amanhã têm aquilo, e na verdade vão tendo tudo sem grande
esforço, e a maior parte dos pais ainda os define como muito poupados porque
não são de pedir muito. A questão não é essa, educação financeira é muito mais
do que dinheiro, é ter um valor limitado de dinheiro e escolher o que é
prioritário, é criar planos para conseguir alcançar os objectivos, é sabes
esperar, é valorizar o que temos, e educar para a autonomia com uma forte base
de valores humanos e solidários.
O dia que o
nosso filho nasce é inesquecível e o amor que sentimos por aquele ser é
vitalício por isso aplique-se na educação dele, em lhe dar amor, apoio e em
dar-lhe os instrumentos necessários para que ele seja um cidadão autónomo,
responsável e solidário para com o outros bem como para consigo mesmo.
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