segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Artigo de maio 2013 escrito para a revista Mãe Ideal


Artigo Mãe Ideal – Maio 2013

 
O dinheiro trocado por miúdos


Todos sabemos que enquanto pais procuramos cada vez mais conseguir ter algum tempo de qualidade em familia, há uma crescente preocupação em que o convívio faça parte do dia a dia de pais e filhos.

Porém temos a sensação que esse tempo é cada vez mais escasso. Todos os membros da família têm os seus compromissos, obrigações e actividades. A cada vez mais exigente atividade profissional dos pais e a carga horária da escola e atividades extra deixa pouco tempo para o convívio. 

Mas, mesmo com pouca disponibilidade, a verdade é que todos temos desejos e ideias de como o gostariamos de o ocupar, seja uma ida ao cinema, um jantar num restaurante, passar um fim de semana fora...

E tempo para conversar?

Nomeadamente sobre dinheiro e sobre como o utilizarmos?

Poderá dizer que isto não é assunto para uma conversa em familia...

Nos nossos dias este assunto é, a maior parte das vezes, abordado com as crianças como desculpa para não podermos fazer isto ou aquilo..., ou então, quando elas começam a perceber um clima de stress e ansiedade entre os pais.

Será de facto o dinheiro o fator limitador dos nossos sonhos?

É esta a mensagem que devemos passar aos nossos filhos enquanto educadores?

O nosso papel enquanto pais passa por lhes darmos perspectivas, por fomentarmos os sonhos, o futuro.

E o sabermos lidar de uma forma positiva com o dinheiro pode ajudar...

Mas como?

Muitas são as situações no dia a dia em que podemos abordar o tema.

Comece por explicar o que é o dinheiro e de onde vem. É importante que a criança perceba que recebemos dinheiro em troca do nosso trabalho e que o dinheiro é uma ferramenta. Por exemplo, usamos os lápis de cor para pintar. As primeiras vezes que pegamos nos lápis vamos ter algumas dificuldades, os desenhos não vão ficar perfeitos, não vamos escolher as melhores cores, mas com o passar do tempo vamos aperfeiçoando.

O mesmo se passa com a utilização do dinheiro.

O dinheiro é importante apenas porque nos permite fazer a troca por outras coisas (bens e serviços) que precisamos e que gostamos de ter no nosso dia-a-dia.

Para que a criança perceba este conceito de troca é importante que por exemplo se forem ao café e a criança pedir uma guloseima, seja ela a pagar. Isto vai ajudar também a perceber que a moeda que estava em seu poder vai deixar de estar, já não a vai ter para comprar outra coisa.

É ainda importante que a criança aprenda a decidir o que quer comprar com o dinheiro que tem, explicando que se gastar num chupa não vai ter para os cromos. O que é mais importante para ela? O que tem mais valor?

Tudo isto é facilitado se houver lugar a uma semanada ou mesada. O facto de eles terem o seu dinheiro para gerir vai facilitar a abordagem destes temas e vai-lhes permitir experimentar o que é ficar sem dinheiro, como poupar para ter aquele brinquedo que tanto querem, vão assim aprender a ser mais pacientes.

Podem mesmo aproveitar o momento do pagamento da semanada/mesada para os ajudar a fazer o seu orçamento. Explicar que, se ele gastar tudo, não poderá comprar o brinquedo que tanto queria. Faça um plano com ele mostrando que se for paciente e poupar algum dinheiro vai conseguir.

Por exemplo, imaginemos que o seu filho recebe semanalmente 3€, e que o brinquedo que ele tanto quer custa 9€.

Se ele decidir poupar todas as semanas 1,5€ para o jogo dentro de 6 semanas vai poder comprá-lo. Se ele decidir não comer guloseimas e poupar tudo para o brinquedo vai demorar apenas 3 semanas.

Desta forma, estamos a dar-lhe consciência que quanto mais conseguir poupar, mais cedo realizará seu sonho, mas tem que abdicar de outras coisas. Convenhamos que, no caso das crianças, não é muito dificil aplicar este exemplo, pois tudo aquilo que é essencial lhes é dado pelos pais, certo?

Mas a partir de que idades devemos começar a educar financeiramente os nossos filhos?

A educação começa desde os primeiros minutos de vida, sendo o exemplo a maior ferramenta que temos como pais.

A verdade é que nos mais pequenos, e aqui estamos a falar das crianças até aos 4/5 anos a realização dos desejos está muito associada ao acto de comprar, e não são poucas as vezes que ouvimos se não tens dinheiro paga com o cartão. Aqui o exemplo que passamos é fulcral,temos que ter alguns cuidados como não banalizar a utilização do dinheiro( são só 0,50€ ou é só 1 €, são expressões que muitas vezes usamos e que podem ser interpretadas como estes pequenos valoresnão terem importância), devemos estabelecer regras, explicar que a mãe e o pai também têm sonhos e que se escolhessem gastar todo o seu dinheiro na concretização desses sonhos não poderiam pagar as coisas essenciais. Existem limites no dinheiro que podemos gastar e que à desejos que temos que esperar por uma ocasião especial, como o aniversário ou o Natal para os realizarmos.

Depois a partir dos 5 ou 6 anos, devemos de certa forma começar a trabalhar mais a independência, permitindo que seja a criança a pedir o que pretende (os cromos na papelaria, uma guloseima no café,etc) e que seja ela a usar o dinheiro.

Estas são apenas algumas ideias de como poderá trabalhar estes temas com os seus filhos, sempre tendo consciência que cada criança tem a uma forma própria de lidar com o dinheiro.
 
Aposte na educação do seu filho, ele confia em SI !

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