segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"Não eduques o teu filho para ser rico, educa-o para ser feliz"

“Não eduques o teu filho para ser rico, educa-o para ser feliz”.
“Assim ele saberá o VALOR das coisas e não o seu PREÇO”
(Max Gehringer)
Concordo em absoluto com esta frase mas para fazê-lo não podemos ignorar que os temos de ensinar a usar o dinheiro.
A menos que alguém tenha uma informação de fonte segura que o dinheiro vai deixar de existir e que iremos voltar ao sistema de troca directa...
*momento de silêncio*
Bem me parecia, o dinheiro vai continuar por cá.
Então se não queremos que os nossos filhos vivam obcecados com ele, nem em função dele temos de nos preocupar a desmistificar o assunto.
Para que é que serve o dinheiro?
Para trocar por bens ou serviços. E para nada mais.
Se estivermos cheios de fome, podemos comer o dinheiro?
Não, temos de o trocar por bens alimentares que nos saciem.
Veem como é simples!!!
Então para que é que precisamos de dinheiros?
Em primeiro lugar para trocarmos por bens e serviços que nos satisfaçam as necessidades, como alimentação, abrigo, vestuário e segurança.
Em segundo lugar para guardar como reserva para fazer face aos imprevistos da vida, da saúde, das avarias...
Em terceiro lugar para dar um presente a alguém, um amigo, um familiar, numa campanha de solidariedade que na sua opinião valha a pena investir
Em quarto lugar, não menos importante, para “me oferecer” bens e serviços que desejo. São coisas que não preciso obrigatoriamente para viver, mas que gosto e quando posso... tenho-os.
São os meus desejos.
E estes são diversos, tudo depende dos interesses, prioridades e objetivos de cada um e obviamente do nível financeiro que cada família tem.
O que é fundamental é os nossos filhos perceberem que há coisas que não se compram com dinheiro mas são tanto ou mais valiosas, tais como:
Família, amigos, respeito pelos outros, irmãos, confiança, empenho, brio, profissionalismo, momentos...
Tudo isto não custa dinheiro apenas depende de nós  queremos ou não valorizá-los e investir neles. Não acredito na frase:
“Mas eu não tive opção” – temos sempre opção nem que seja achar que não temos opção...
Essa foi a nossa opção.
Vamos educar para os valores e com os valores e para tal vamos ensinar o verdadeiro valor e uso do dinheiro.
Só assim vamos conseguir criar uma sociedade menos materialista, menos preocupada com o carro que o vizinho comprou ou com o sitio onde este foi passar férias.
Ensinem os vossos filhos a ficarem felizes pelos outros e não com inveja dos outros e teremos um mundo melhor com certeza.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Uma ida ao supermercado – a viagem até ao supermercado (parte 1)

Uma ida ao supermercado é uma excelente ocasião para falar de educação financeira com os seus filhos.
Logo no caminho comecemos por esclarecer qual o objetivo de uma ida ao supermercado?
Comprar gomas? NÃO
Comprar filmes ou jogos de computador? NÃO
Nós vamos ao supermercado comprar bens essenciais que satisfaçam as necessidades básicas da família.
As nossas necessidades básicas são bastante simples: comida, roupa, abrigo e a companhia dos que amamos.
Que necessidades  básicas podemos satisfazer numa ida ao supermercado?
Comida
É nesta altura que uma das crianças vai dizer com um sorriso maroto... “Mas se tu deixasses eu só comia gomas. A minha comida passava a ser gomas...”
Muitas vezes temos de explicar-lhes o que é ser pai/mãe, que neste papel temos a responsabilidade de os ensinar a escolher e a decidir.
Se os deixássemos comer só gomas, numa primeira análise eles seriam felizes mas rapidamente ficariam doentes e nós não estaríamos a cumprir com o nosso papel de pai/mãe.
Voltemos a falar “a sério” falemos de alimentação saudável e de escolhas inteligentes sobre comida... e chegamos à comida que vamos comprar no supermercado com o objetivo de satisfazer a nossa necessidade de nos alimentar.
Resumindo:
Necessidade:  são os bens e serviços que precisamos para viver
Desejos: são os bens e serviços que gostaríamos de ter
Reparem que para as crianças poderem ter sonhos, para podermos falar com elas sobre prioridades e escolhas temos primeiro de lhes ensinar a diferença entre necessidade e desejo.
Fazendo a comparação com a necessidade de ensinar a uma criança a diferença entre o bem e o mal:
- para uma criança poder escolher fazer o bem tem de saber distingui-lo do mal.
Para uma criança definir como prioridade uma necessidade tem de saber distingui-la de um desejo.
Só assim teremos crianças a valorizar os valores familiares, as pessoas e uns aos outros contra as coisas, as marcas, resumindo teremos crianças que valorizam o que são e não o que têm.
Não acham que viveríamos num mundo melhor? Comecemos pela diferença entre necessidade e desejo e pouco a pouco lá chegaremos !
Tudo depende do exemplo que nós lhe damos. Nunca se esqueçam, as crianças fazem o que nós fazemos e não o que nós dizemos para fazer.
O vídeo que vou colocar aqui pode ser um pouco chocante mas é esclarecedor por isso aqui fica:

Até para a semana !

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O meu filho é muito poupado

“O meu filho é muito poupado”, esta é uma das frases que se ouve quando se tenta abordar o tema educação financeira com os pais em geral.
Imaginem que tinham alguém que vos pagava toda e qualquer despesa no vosso dia a dia.
Sempre que quizessem oferecer algo a alguém existiria outro alguém que pagava.
E ainda em ocasiões especiais ainda apareciam uma dádivas extras para guardar para algo que gostassem de ter e bastava decidir o que era e aguadar que viessem mais dádivas até terem o dinheiro suficiente para ir à loja e... comprar.
Isto é que era vida ! Só nos tínhamos de preocupar em decidir onde usar as nossas “poupanças” !
Se eu tivesse esse “alguém” também eu seria muito poupada.
Se eu tivesse de lidar com o dinheiro apenas e unicamente nas situações de excepção mas tudo o resto estivesse garantido, todos nós eramos literados, mestrados ou mesmo doutorados em Educação Financeira !
A esta hora, estão a pensar: ”Então, quer que eu ponha o meu filho a pagar a comida que come, a roupa que veste ou a electricidade que gasta?”
De maneira nenhuma ! Uma criança é para ter uma infância de criança.
A responsabilidade a passar a cada criança e jovem deve estar devidamente adaptada para a sua idade e estado de desenvolvimento intelectual e cognitivo.
No entanto é preciso criar uma “realidade” que seja “paralela” à nossa realidade de modo a podermos educá-los pelo exemplo, pela “simulação”.
O que queremos dizer com isto?
No nosso dia a dia de adultos todos temos:
Rendimentos – que provêem do nosso trabalho;
Despesas – dinheiro que usamos para viver, com que pagamos as mais diversas despesas (casa, alimentação, vestuários, transportes, etc).
Então temos de criar esta mesma realidade para as crianças.
Quais são as obrigações de uma criança em idade escolar? São os pais que vão definir.
Ir à escola, cumprir as suas obrigações (trabalhos e estudar), fazer o seu melhor em relação ao seu desempenho e ainda podemos incluir algumas tarefas domésticas, como fazer a cama ou levantar a mesa.
Resumindo os pais vão fazer a descrição de funções do que é ser criança na sua familia. E tal como numa empresa, existem várias categorias dentro do mesmo tipo de função, assim na familia também teremos diferentes níveis de exigências e tarefas associadas á função de filho(a) de acordo com a sua idade.
Em troca do correcto cumprimento dos seus deveres pode então ser estabelecida uma remuneração que normalmente chamamos semanada ou mesada.
Esta remuneração deve ser definida pelos pais em função das despesas que consideram aceitavéis para o seu filho, em função de:
1-      Cultura
2-      Estilo de vida
3-      Principios e valores que defendam
4-      Gastos que considerem razoáveis para os seus padrões de vida
A título de exemplo:
Para uma criança de 6 ou 7 anos que frequenta o 1º ciclo é suficiente contarmos com 0,50€ por dia útil, o que dá cerca de 2,5€ de semanada.
Se estivermos a falar de um jovem de 14 anos, temos primeiro de definir alguns pressupostos, tais como:
- quanto consideramos admissivel ter de custo de telemóvel por mês
- quantas festa de anos considero aceitável que ele vá por mês e quanto gasta em média para ir uma festa
- saidas ao cinema com amigos, quantas estão incluidas e representam quanto?
- quanto dinheiro ele deverá para extras (ex lanchar no café)
- o que é que não está incluído na mesada
- quais as obrigações que têm de ser garantidas para ele receber a mesada e caso não o faça quais são as penalizações?
Assim que tivermos estes itens todos definidos é obrigatório sentarmo-nos com o jovem e explicar os pressupostos, os direitos e os deveres, o modo de funcionamento.
Podemos ainda estabelecer rendimentos extraodinários, por exemplo sempre que lê um livro com mais de 300 páginas e me faz um resumo credível recebe mais x euros por esse empenho, se fôr um livro numa língua estrangeira o valor a receber pode ser mais elevado. Outro exemplo, se o jovem se oferecer para lavar o carro no fim de semana e essa função não estava definida como sua podemos remunerá-lo.
Aqui é preciso ter muita atenção para não cair em exageros.
Queremos que os jovens percebam o principio da troca de trabalho por remuneração mas sem criarmos mercenários materialistas.
O conceito de solidariedade é fundamental nas nossas vidas e aprender o prazer de dar para fazer o outro feliz é outra meta a atingir com a educação financeira do nosso projeto.
Nota muito importante
Estes exemplos são meramente indicativos. Cada familia deve reunir e definir o que considera razoável.
Este artigo não tem como objetivo apresentar fórmulas mágicas mas indicações que cada um de vós tem a opção de seguir ou não.
Esperamos ter-vos ajudado com mais este “texto”. Para a semana voltaremos, até lá J

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Educar para autonomia parte II

Educar para a responsabilidade não é fácil. Responsabilidade na educação financeira é basilar.
Quem disse que educar é fácil?
Quando as crianças são bébés devido ao cansaço, à dependência, estamos desejosos que eles cresçam. Os mais velhos dirão nessa altura: “Quem tem filhos tem cadilhos. Filhos criados trabalhos redobrados. “ e nós não acreditamos.
Só mais tarde, como tudo na vida, é que valorizamos a parte boa da fase “bébés” – “Como era bom quando ele só precisava de mim para comer, beber e dormir...”
Todas as idades têm coisas boas e coisas menos boas e devemos concentrar-nos a fazer o melhor que sabemos e conseguimos.
“Quem dá tudo o que tem a mais não é obrigado.” – outro ditado antigo que premeia o esforço.
O que é isto na educação financeira de educar para a responsabilidade?
As crianças e jovens não pagam as contas de casa, nem as escolas, nem os empréstimos, mas gostam de pedir um gelado no café, de ter uma carteirinha de cromos.
O segredo está em usar as situações do dia a dia para lhes irmos introduzindo conceitos financeiros.
Nota – em todos os exemplos dados partimos de alguns pressupostos:
1º - São os pais que têm a última palavra
2º - As opções disponibilizadas ás crianças vão depender das diretrizes definidas pelos pais
3º - As situações apresentadas têm como objetivo falar de um ou mais conceito de educação financeira e não fazer juízos de valor sobre qual a educação que pais decidem  dar aos seus filhos

1ª situação – Fazer opções, tomar decisões e assumi-las.
A família vai ao café e uma criança com mais de 5 anos pede um chocolate.
Consideremos que os pais não têm qualquer motivo contra ele comer o chocolate.
 Mas sabem que quando saírem dali vão comprar o jornal e a criança vai querer cromos.
Gerir o nosso orçamento é fazer opções. Sempre que decidimos gastar o dinheiro em determinado item deixamos de ter esse valor para gastar noutra situação qualquer.
Esse valor é “consumido”.
Então vamos explicar isso à criança... Vamos explicar que ele pode comer o chocolate mas se o fizer não poderá ter 2 carteirinhas de cromos quando formos à papelaria. Muito provavelmente a criança vai dizer que quer as duas coisas. Temos aqui a oportunidade para lhe explicar que não é assim que funciona.
Naquele momento temos orçamentado para gastar com ele (a criança) - 1€ (até podemos pôr-lhe a moeda na mão) por isso temos de em conjunto decidir onde é que ele vai ser gasto – chocolate ou carteira de cromos.
Na educação financeira, tal como em qualquer educação, é fundamental sermos firmes e coerentes.
Se a criança decidiu comer o chocolate, quando chegarmos à papelaria aconteça o que acontecer não há qualquer hipótese de ela conseguir levar os cromos, ok?
Se ela optou pelos cromos nem que estejam “a chove picaretas” após sairmos do café vamos comprar os cromos.

Nesta situação ainda não colocamos o tema semanada ou mesada lá chegaremos, continue a acompanhar-nos !