terça-feira, 13 de setembro de 2011

O meu filho é muito poupado

“O meu filho é muito poupado”, esta é uma das frases que se ouve quando se tenta abordar o tema educação financeira com os pais em geral.
Imaginem que tinham alguém que vos pagava toda e qualquer despesa no vosso dia a dia.
Sempre que quizessem oferecer algo a alguém existiria outro alguém que pagava.
E ainda em ocasiões especiais ainda apareciam uma dádivas extras para guardar para algo que gostassem de ter e bastava decidir o que era e aguadar que viessem mais dádivas até terem o dinheiro suficiente para ir à loja e... comprar.
Isto é que era vida ! Só nos tínhamos de preocupar em decidir onde usar as nossas “poupanças” !
Se eu tivesse esse “alguém” também eu seria muito poupada.
Se eu tivesse de lidar com o dinheiro apenas e unicamente nas situações de excepção mas tudo o resto estivesse garantido, todos nós eramos literados, mestrados ou mesmo doutorados em Educação Financeira !
A esta hora, estão a pensar: ”Então, quer que eu ponha o meu filho a pagar a comida que come, a roupa que veste ou a electricidade que gasta?”
De maneira nenhuma ! Uma criança é para ter uma infância de criança.
A responsabilidade a passar a cada criança e jovem deve estar devidamente adaptada para a sua idade e estado de desenvolvimento intelectual e cognitivo.
No entanto é preciso criar uma “realidade” que seja “paralela” à nossa realidade de modo a podermos educá-los pelo exemplo, pela “simulação”.
O que queremos dizer com isto?
No nosso dia a dia de adultos todos temos:
Rendimentos – que provêem do nosso trabalho;
Despesas – dinheiro que usamos para viver, com que pagamos as mais diversas despesas (casa, alimentação, vestuários, transportes, etc).
Então temos de criar esta mesma realidade para as crianças.
Quais são as obrigações de uma criança em idade escolar? São os pais que vão definir.
Ir à escola, cumprir as suas obrigações (trabalhos e estudar), fazer o seu melhor em relação ao seu desempenho e ainda podemos incluir algumas tarefas domésticas, como fazer a cama ou levantar a mesa.
Resumindo os pais vão fazer a descrição de funções do que é ser criança na sua familia. E tal como numa empresa, existem várias categorias dentro do mesmo tipo de função, assim na familia também teremos diferentes níveis de exigências e tarefas associadas á função de filho(a) de acordo com a sua idade.
Em troca do correcto cumprimento dos seus deveres pode então ser estabelecida uma remuneração que normalmente chamamos semanada ou mesada.
Esta remuneração deve ser definida pelos pais em função das despesas que consideram aceitavéis para o seu filho, em função de:
1-      Cultura
2-      Estilo de vida
3-      Principios e valores que defendam
4-      Gastos que considerem razoáveis para os seus padrões de vida
A título de exemplo:
Para uma criança de 6 ou 7 anos que frequenta o 1º ciclo é suficiente contarmos com 0,50€ por dia útil, o que dá cerca de 2,5€ de semanada.
Se estivermos a falar de um jovem de 14 anos, temos primeiro de definir alguns pressupostos, tais como:
- quanto consideramos admissivel ter de custo de telemóvel por mês
- quantas festa de anos considero aceitável que ele vá por mês e quanto gasta em média para ir uma festa
- saidas ao cinema com amigos, quantas estão incluidas e representam quanto?
- quanto dinheiro ele deverá para extras (ex lanchar no café)
- o que é que não está incluído na mesada
- quais as obrigações que têm de ser garantidas para ele receber a mesada e caso não o faça quais são as penalizações?
Assim que tivermos estes itens todos definidos é obrigatório sentarmo-nos com o jovem e explicar os pressupostos, os direitos e os deveres, o modo de funcionamento.
Podemos ainda estabelecer rendimentos extraodinários, por exemplo sempre que lê um livro com mais de 300 páginas e me faz um resumo credível recebe mais x euros por esse empenho, se fôr um livro numa língua estrangeira o valor a receber pode ser mais elevado. Outro exemplo, se o jovem se oferecer para lavar o carro no fim de semana e essa função não estava definida como sua podemos remunerá-lo.
Aqui é preciso ter muita atenção para não cair em exageros.
Queremos que os jovens percebam o principio da troca de trabalho por remuneração mas sem criarmos mercenários materialistas.
O conceito de solidariedade é fundamental nas nossas vidas e aprender o prazer de dar para fazer o outro feliz é outra meta a atingir com a educação financeira do nosso projeto.
Nota muito importante
Estes exemplos são meramente indicativos. Cada familia deve reunir e definir o que considera razoável.
Este artigo não tem como objetivo apresentar fórmulas mágicas mas indicações que cada um de vós tem a opção de seguir ou não.
Esperamos ter-vos ajudado com mais este “texto”. Para a semana voltaremos, até lá J

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